A Mestria V

(textos resumidos dos livros de instruções esotéricas que se seguidos e vividos nos levam à mestria)


Afim de estabelecer uma base sólida para os vossos trabalhos práticos, deveis esforçar-vos para obter uma concepção clara do que é a inteligência ou o espírito indiferenciado.

É preciso compreender a idéia de inteligência separada da individualidade, embora vos custe um pouco até vos acostumardes com ela. É a dificuldade em compreender essa qualidade do espirito que deu lugar a todos os erros teológicos que produziram as questões religiosas, sendo uma das causas principais que atrasaram o verdadeiro desenvolvimento do gênero humano.

Não é possível expressar exatamente essa idéia por meio de palavras, pois, toda tentativa de definição produz a idéia de limitação, que é a que deveis evitar.

É mais questão de sentirdes a realidade dessa idéia do que de defini-la; todavia, devemos fazer algum esforço para indicar-vos a direção em que deveis sentir essa verdade para encontra-la. A idéia é a da realização pessoal sem aquele pensamento próprio que diferencia um indivíduo de outro. A definição da entidade individual é: “Eu não sou outro porque sou eu”. Ela, porém, traz necessariamente a idéia de limitação, porque o reconhecimento de outra individualidade estabelece um pouco em que a vossa individualidade cessa e a outra começa.

Ora, esse modo de reconhecimento não pode ser atribuído a Mente Universal. Com efeito, se ela reconhecesse um ponto em que cessasse e outra cousa começasse seria reconhecer que não era universal, pois a universalidade inclui todas as cousas, e se essa inteligência universal reconhecesse a existência de alguma cousa fora de si, deixaria de ser universal.

DINANISMO ESPIRITUAL

Portanto, podemos dizer sem hesitação que, seja qual for a natureza de sua inteligência, deve ser inteiramente desprovida do elemento de reconhecimento de si própria como personalidade individual em qualquer grau que seja.

Considerando as cousas sob este ponto de vista, se vos tornará claro que o onipenetrante espirito criador é o grande principio impessoal de Vida, que produz todas as manifestações particulares da Natureza. A sua absoluta impersonalidade, no sentido de completa falta de consciência de entidade individual, é um ponto sobre o qual é preciso insistir muito.

A atribuição de uma impossível individualidade á Mente Universal é um dos dois grandes erros que abalaram os fundamentos das religiões e filosofias.

O outro erro consiste em ir ao extremo oposto e negar a qualidade de inteligência pessoal á Mente Universal.

Os antigos mestres respondiam a esse erro por meio destas simples perguntas:

“Aquele que fez a vista não vê? Aquele que formou o ouvido não ouve?”

Por conseguinte, o fato de que sois centros de inteligência pessoal é uma prova de que o infinito, de que esses centros são concentrações, deve ser uma inteligência pessoal é uma prova de que o infinito, de que esses centros são concentrações, deve ser uma inteligência, infinita, e assim não podeis deixar de atribuir-lhes os dois fatos da personalidade, que são a inteligência e a vontade.

Portanto, chegamos á conclusão que essa essência universalmente difundida pode ser considerada como um protoplasma universal, e deve possuir todas as qualidades da personalidade sem reconhecimento consciente de existência separada que constitui a individualidade.

Deveis compenetrar-vos de que esse espirito universal penetra todos os espaços e todas as substancias manifestadas, da mesma forma que o éter, como nos dizem os cientistas, e que onde estiver, deve Ter tudo o que há em sua entidade.

Então, vereis que residis num oceano de Vida indiferenciada porém inteligente, a qual se acha abaixo, acima, ao redor de vós e nos interpenetra mental e fisicamente, assim como a todos os seres.

A proporção que vos compenetrardes dessa verdade, gradualmente, a vossa vista mental se abrirá ao seu imenso valor.

Isso denota que a Natureza inteira é penetrada por uma personalidade interna e infinita em sua potencialidade de inteligência , capacidade de corresponder e poder de expressão, que apenas espera entrar em atividade pelo vosso reconhecimento dela.

Em conseqüência de sua natureza, ela só pode corresponder-vos desde que a reconheçais.

Se vos colocardes no plano intelectual em que nada mais possais ver que o acaso dirigindo o mundo, então essa mente universal se vos apresentará como sendo apenas uma confluência fortuita de forças, sem ordem, sem ordem inteligível.

Porém, se fordes suficientemente adiantados para compreender que essa confluência só produziria um caos, e não um cosmos, então as vossas concepções se expandirão até a idéia de uma Lei universal, e verificareis que essa é a natureza do principio intimo de todas as cousas.

Assim tereis dado um grande passo, partindo da idéia de um mundo acidental para a de um mundo formado de princípios definidos que podeis calcular com exatidão desde que os conheçais. Aqui se acha o ponto principal desde assumpto. As leis do universo existem, porém não as conheceis, e é somente pela experiência adquirida por meio de repetidos insucessos que podeis adquirir conhecimentos dessas leis e aplica-las.

É verdade permanente, que nunca pode ser alterada, que toda infração da lei da natureza traz consigo as conseqüências que lhe servem de punição. Não podeis sair fora da linha de causa e efeito.

Só o saber pode desviar-vos da lei do castigo. Conhecendo uma lei da Natureza e trabalhando de acordo com ela, encontrareis na mesma uma fiel companheira, sempre pronta a servir-vos e incapaz de vos criticar pelas faltas passadas; porém se as transgredirdes por ignorância ou voluntariamente, ela se tornará vossa inimiga implacável, até que vos façais obedientes a ela.

Por conseguinte, a única libertação do sofrimento e da escravidão está em expandirdes a vossa consciência até vos sentirdes unos com o próprio infinito. Como podereis conseguir isso?

Pelo vosso aperfeiçoamento e aquisição do grau de inteligência que vos faça compreender a personalidade da divina Vida onipenetrante, que é, ao mesmo tempo, a Lei e a Substancia de tudo o que existe.

É com verdadeiro conhecimento que os rabinos judeus disseram: “A lei é uma Pessoa”. Quando vos compenetrardes de que a Vida e a Lei Universal são unas com a Personalidade universal, então tereis estabelecido a coluna completamente do templo.

Todavia, é preciso que separeis a Personalidade universal de qualquer concepção de individualidade.

Assim, embora o universal nunca possa ser individual, é a fonte de que nascem todas as individualidades, tendo a sua mais alta expressão por meio daqueles que podem compenetrar-se de sua natureza pessoal.

O único meio para alcançardes o conhecimento da Lei Infinita que mudará a vossa estrada de sofrimento no caminho da Alegria, é encarnardes em vós mesmos um principio de conhecimento comensurável com a infinidade do que deveis conhecer.

Isso se efetua pela compreensão de que o infinito, como lei em si, é uma Inteligência universal, no meio da qual flutuais como num oceano de Vida. A Inteligência sem personalidade individual, ao produzir vos, concentra-se na individualidade de casa pessoa.

Qual será a relação dessa inteligência convosco?

Certamente, não é a de favoritismo da mesma forma que a Lei não faz distinção de pessoa, mas favorece a todos os que a seguem.

Ela não recusa ceder aos vossos desejos, pois não tem objetivos pessoal contrario a eles. Porem, se estes se acham em conflito e se contrariam, não pode manifestar-se na direção necessária para realiza-os.

Assim, portanto, para que essa inteligência universal possa manifestar-se com perfeição através de vossa vida individual, é preciso que vos identifiqueis o mais completamente com ela.

Essa identificação é limitada na proporção de vossa inteligência individual, isto é, de um sentimento de reciprocidade, por meio do qual reconheçais instintivamente a vossa relação com a inteligência e vida universal.

Desse sentimento de relação com a vida e inteligência universal, surgirá em vosso coração a percepção da Harmonia universal, um sentimento de Amor para com todos os seres, o conhecimento da Verdade real e a percepção da Justiça absoluta em todas as leis e fatos da vida, e em conseqüência desses graus de conhecimentos, vos sentireis fortes e repletos da mais viva alegria, porque tereis a consciência de que vos encontrais no caminho do vosso perpetuo bem.

O ESPIRITO E A MATERIA

O conhecimento das relações entre o Espirito e a Materia _ que são os dois pólos da vida _ é um ponto básico da doutrina esotérica, porque somente ele permite a percepção da unidade, que é a base fundamental de todos os trabalhadores práticos.

Habitualmente expressais de modo a parecer que há entre eles distinção, designando a sua oposição aparente e dizendo que o Espirito é vivo e que a Materia é morta. Essas expressões denotam a impressão corrente da oposição que parece existir entre eles, e se a considerardes sob o ponto de vista das aparências exteriores, certamente é real.

Não podeis considerar errada a impressão fornecida pelos sentidos de um corpo sadio uma mente sã, porem, o perigo de erro está na vossa apreciação do valor dessa impressão.

Estais acostumados a julgar apenas pelas aparências externas e por uma significação limitada que dais ás palavras. Porém, ao investigar a significação real das palavras e analisardes as causas que produzem essas aparências, vedes que as vossas noções anteriores vão se alterando gradualmente, até que, afinal, vos desperteis ao fato de que viveis num mundo inteiramente diferente do que reconheceis.

O vosso antigo modo limitado de pensar foi desaparecendo imperceptivelmente, e descobris que entrastes numa nova ordem de coisas, em que tudo é liberdade e vida.

Isso é o trabalho de uma inteligência iluminada que resulta da determinação persistente de descobrir o que realmente é a verdade, sem dar atenção a qualquer idéia preconcebida, venha de onde vier, a determinação de pensar honestamente em vez de aceitar que os outros pensem por nós.

Por conseguinte, analisemos o que realmente é o viver, que atribuímos ao espirito, e a morte inércia, que atribuímos á materia.

A’ primeira vista, podeis ter inclinação a dizer que o viver consiste na faculdade de movimento e a morte na ausência dele; porém, um pequeno exame das mais recentes descobertas da ciência logo vos mostrará que essa distinção não é suficientemente profunda.

Um dos fatos mais fundamentalmente estabelecidos pela ciência atual é que nenhum átomo do que chamamos “materia morta” é desprovido de movimento. Suponhamos que tenhais diante de vós um solido bloco de aço. Aos vossos sentidos, parece ser uma massa impenetrável. Entretanto, á luz da ciência moderna, sabeis que os átomos dessa massa aparentemente inerte vibram com a mais intensa energia, movendo-se continuamente de um lado para outro, entrechocando-se, ou girando como sistemas solares em miniatura, numa atividade incessante e com uma rapidez que causa admiração. A massa em conjunto acha-se em estado de inércia, porém longe de ser destituída de movimento, é sede de uma energia incansável, que move as partículas com uma rapidez diante da qual o movimento de um trem expresso parece nada.

Portanto, não é o simples fato do movimento que serve de base para a distinção que instintivamente estabeleceis entre o espirito e a materia; deveis procura-la mais profundamente.

Nunca encontrareis a solução desse problema comparando a Vida com o que chamamos de morte, como se vos tornará claro mais adiante. A verdadeira chave do problema se encontra na comparação de um grau de vida com outro.

Sem duvida, existe um sentido em que a qualidade do viver não admite graus; porém, há outro sentido em que é simples questão de grau. Não tendes duvidas sobre a vida de uma planta, porém, compreendeis que é diferente da de um animal. Uma planta, um peixe, um cão e uma crença são seres viventes, porém, existe diferença de qualidade em suas vidas e ninguém hesitaria em dizer que essa diferença está no grau de inteligência. De qualquer modo que considerardes o assumpto, sempre notais que a qualidade do viver de um ser individualizado é, em ultima analise, medida pela sua inteligência. É a posse de maior inteligência que coloca o animal num grau superior ao da planta, o homem acima do animal e o homem intelectual acima do selvagem.

O desenvolvimento da inteligência põe em atividade modos de movimento de ordem superior. Quando mais elevada a inteligência, mais perfeitamente o modo de movimento se acha sob o seu domínio. Á proporção que descemos na escala dos graus de inteligência, essa descida é assinalada por um aumento do movimento automático e não sujeito ao domínio da inteligência consciente. Essa descida é gradual desde a mais alta personalidade humana á ordem mais inferior das formas visíveis a que chamamos “cousas” e das quais o reconhecimento de si mesmas se acha ausente. Vedes, portanto, que a mais alta manifestação da Vida está na inteligência – ou, por outras palavras, no poder do Pensamento; e podeis, assim dizer que a qualidade distintiva do espirito é o Pensamento, e, em oposição a isso, podeis também dizer que a qualidade que distingue a materia é a Forma.

Não podeis formar uma idéia da matéria sem forma. Deve existir alguma forma, embora seja invisível á vista física; porquanto a materia, para ser realmente, deve ocupar um espaço particular e, para isso, é necessário que tenha uma forma correspondente.

Portanto, podeis estabelecer como proposição fundamental que a qualidade distinta do espirito é o Pensamento e a da materia é a Forma. Essa é uma distinção radical de que se seguirão importantes conseqüências, e, portanto, não deveis esquecela .

A forma exige extensão no espaço e também limitação dentro de certo âmbito. O Pensamento não necessita dessas cousas. Por conseguinte, ao pensardes na Vida como existente em alguma forma particular, a combinais com a idéia de extensão no espaço, de modo que podeis dizer que um elefante é constituído de uma quantidade maior de substancia viva do que um cão. Porém, ao pensardes na vida como a qualidade de ser vivo, não a combinais com qualquer idéia de extensão, e logo podeis considerar um cão tão possuidor de vida quanto um elefante, apesar da diferença de tamanho. O ponto importante desta distinção é que se puderdes conceber uma cousa completamente desprovida do elemento de extensão no espaço ela deve estar presente em sua totalidade por toda parte, isto é, em todos os pontos do espaço simultaneamente.

A definição do tempo é que é o período ocupado por um corpo em passar de um ponto dado no espaço para outro, e, conforme essa definição, não havendo espaço, não pode haver tempo. Dai resulta que, se concebeis o espirito como desprovido de espaço, deveis admitir que também é desprovido de tempo; e, portanto, vedes que a concepção do espirito como puro Pensamento, e não Forma concreta, é também a de sua existência perfeita independente dos elementos de tempo e espaço.

Resulta disso que, se formardes a idéia de um objeto existente nesse plano, só pode representar a cousa como presente em toda parte e a todo momento. Nesse modo de ver as cousas, nada pode estar afastado de vós, quer no tempo, quer no espaço; ou a idéia é inteiramente desfeita ou existente como entidade atual e presente, e não como alguma que deve existir no futuro, pois, não havendo seqüência no tempo, não pode haver futuro. Da mesma forma, não havendo espaço, não pode haver concepção de alguma cousa como se achando distante de vós. Eliminando os elementos do tempo e do espaço, todas as vossas idéias das cousas devem ser necessariamente como existentes num presente universal e eterno. Sem duvida, esta concepção é muito abstrata, porém, deveis procurar comprehende-la o mais completamente possível, porquanto é de suma importância na aplicação pratica da Ciência Mental.

A concepção oposta é a das cousas expressando-se pelas condições do tempo e do espaço e assim estabelecendo uma variedade de relação com outras cousas, como sejam: distancia, direção, seqüência no espaço, etc.

Essas duas concepções são respectivamente, a concepção do abstrato e do concreto, do ilimitado e do limitado, do absoluto e do relativo. Não são opostos no sentido de serem incompatíveis, mais sim complementos e a única realidade está na combinação dos dois.

O erro do idealista extremo está em querer conceber o absoluto sem o relativo, e o erro do extremo materialista está em querer realizar o relativo se o absoluto. O primeiro quer manifestar o interior sem o exterior, e o ultimo quer expressar o exterior sem o interior; porém ambos são necessários para a formação de uma entidade substancial.

Deste estudo, deduzis a importância que a imagem ou a forma tem para a materialização do pensamento e a realização de vossas aspirações.

Por isso deveis aprender a formar imagens mentais claras daquilo que desejais manifestar em vossas existências. Essas imagens serão vitalizadas pela força do espirito até reunirem ao redor de si a quantidade de forças suficientes para manifestação.


Por Luiz Antonio de Matos