A Mestria lll

(textos resumidos dos livros de instruções esotéricas que se seguidos e vividos nos levam à mestria)

A Condenação

A seguinte carta dá um exemplo vivo dos terríveis efeitos da condenação: “Parece existir uma barreira qualquer entre a minha pessoa e minha expressão de saúde”.

Refleti sobre isso durante os últimos dois dias e conclui que, se os pensamentos são coisas e o físico é apenas o exterior do mental, talvez não me aprofundei muito na carta que vos dirigi e estejais tratando os efeitos e não as causas. É com relutância que escrevo o que sinto. Quando me casei, há vinte anos, fiquei residindo na fazenda da família de meu marido, e os parentes dele eram dominadores, mexeriqueiros e questionadores, vivendo sempre a discutir e questionar. Procuraram logo me governar e dirigir todos os meus negócios, porém, eu, acreditando que cada qual possui sua mentalidade para esse fim, insisti, sem palavras desagradáveis, para ser senhora de meu pequeno lar. Começou, então, um processo de perseguição. Tudo o que eu fazia estava errado, pelo simples motivo de ser feito por mim. Influenciaram meu marido a tal ponto, que me senti combatida, espezinhada e perseguida de todo o lado. Tive quatro filhos muito próximo um do outro e eles tiveram uma terrível vida prenatal. Estando eu com o sistema nervoso muito abalado, eles nasceram nervosos e doentios, e quando levei o menor para a casa de minha mãe, onde veio a falecer, pareceu-me que escapava do ódio deles. Lembro-me de ter dito: “Eles nos têm ódio de morte”, e tive o sentimento de que isso era verdade. Aplicaram seus pensamentos contra minha querida filha e disseram que ela adoeceria na escola. Durante dois anos falaram disso, quando não havia a menor aparência de tal coisa, e então ela ficou doente e morreu. Agora, como outra minha filha me é carinhosa, afirmam a mesma coisa a respeito dela, afim de atingir-me. Afirmam que vai muito mal. Vive com eles uma cunhada e a combinação dos três é perigosissima. Dizendo-vos que a presença deles me faz sentir positivamente mal, e produz o mesmo efeito em minha filha, vereis como são terríveis. Desejava que essa corrente fosse desviada, ao sentir-me com melhor saúde. Não falarei de meus próprios sentimentos, que são iguais aos que teria qualquer ser amarrado e torturado. Basta dizer que, desde há vinte anos, não respirei livremente e é por isso que vos escrevi que estava cansada de ser condenada. Não sei se convinha escrever-vos assim, porém senti-me impelida a dizer-vos qual parece ser o grande obstáculo de minha vida. Meus belos filhos não são vigorosos, mas possuem caracter tão bonzinhos, firmes, amáveis e sinceros. Dois ainda vivem e dois morreram, e julgo que meu coração se despedaçou com a morte deles, pois me sinto tão só.”

Por meio do desenvolvimento da consciência de seu. Eu Sou, esta senhora e seus filhos ficaram livres daquela má influencia mental.

É da máxima importância que todos aprendam a conhecer o poder do pensamento para causar males, assim como fazer bem.

Deus cria harmonia e perfeição. A causa do sofrimento e da discórdia não se acha na Natureza Divina. O homem é o criador da discórdia e do sofrimento. É apenas no plano mortal do pensamento que essas coisas existem. No pequeno ponto do universo, que é o nosso planeta existem a escuridão e a discórdia produzidas pelas mentes humanas. Em todo o resto do imenso universo, por todo o espaço em que há miríades de sóis e mundos, reina a harmonia. Só o homem cobriu-se com o manto de obscuridade que lhe encobre à vista, a ordem, sabedoria e harmonia eternas a que os anjos e as estrelas obedecem.

Ele abafa sua alma com pensamentos maus. Torna seu lar a habitação da discórdia. Regozija-se com o mal de seus irmãos, pois, no seu orgulho, imagina que o não afetará. A divindade intima se aborrece com o corpo e parte para os reinos da luz, onde se liberta da corrupção das idéias mortais, que lhe dão o sentimento de tristeza e sofrimento. O homem não está sob a condenação de Deus, o karma ou o diabo. A condenação mutua e de si mesmo é o pecado que o cego à harmonia permanente do Amor Divino. É simplesmente ignorante e todos os seres iluminados desejam salva-lo de sua ignorância.

Até a Alma Suprema desejou tanto salvar o homem que veio a este pequeno e obscuro planeta e expressou as seguintes palavras que ecoaram através dos séculos, adquirindo força com o decorrer dos anos:

Não condeneis.

Com a mesma medida que derdes aos outros, sereis medido.

A palavra do homem será seu fardo.

O que ligardes na terra será ligado no céu e o que desligardes na terra será desligado no céu.

Ensinou essas leis da mente para que os homens pudessem ser salvos de seus falsos modos de pensar e falar, e assim se libertarem do sofrimento, pobreza e desastre.

Todo aquele que transgredir essas leis, causa desastre para si e para os outros, com a mesma certeza como se dirigisse mal a corrente de um dínamo elétrico.

O bom ou mau emprego que os homens fazem das palavras e pensamentos são a causa da maioria das misérias ou das felicidades por que passam.

Buddha, o iluminado sábio da Índia, proclamou esta verdade, com palavras positivas:

Tudo o que somos é o resultado do que pensamos.

É baseado em nossos pensamentos.

É formado de nossos pensamentos.

Se um homem fala ou age com mau pensamento.

O sofrimento o segue.

Como as rodas seguem os pés do boi.

Que puxa o carro.

Se um homem fala e age com pensamento puro.

A felicidade o segue.

Como a sombra que nunca o abandona.

Aqueles que refreiam sua mente, se libertarão dos laços de Mara (o tentador.)

Cada mentalidade irradia constantemente vibrações invisíveis, porém poderosas. Cada qual cria as qualidades de pensamentos que formam sua mente, corpo e negócios. Cada um está constituindo seu próprio futuro e o futuro dos outros, brilhante ou negro, feliz ou miserável, conforme as qualidades boas ou más de seus pensamentos e palavras.

Se os membros de uma família compreendessem o poder destrutivo e as tristes conseqüências das condenações que tão energicamente se aplicam uns aos outros, prefeririam Ter nascido mudos a ter falado palavras que causassem tanto sofrimento. Suas bênçãos e louvores não são tão positivos ou enérgicos como suas condenações. Nenhum deles faria, voluntariamente, que outro fosse vítima de um acidente, ficasse desequilibrado física, ou mentalmente, tivesse revezes em seus negócios; entretanto, expressam-se palavras positivas que são animadas por uma força inteligente que, incessantemente, tentará produzir essas condições.

Todos estamos sujeitos a cometer erros. Ninguém alcançou a alta posição em que se ache tão livre do erro, que possa julgar com retidão todas as causas que levaram seu irmão ao erro, e quando alguém chega a esse estado, não condena; compadece-se das condições limitadas de seu irmão e procura fazer-lhe mais fácil à vida, pela animação e a bondade. Lembremo-nos do poder do pensamento e empreguemo-lo para ajudar e não para dificultar e veremos que nosso caminho na vida se tornará mais fácil e nosso ambiente mais harmonioso e belo.

A Crença na Morte

Grande parte das perturbações da humanidade de resultam das crenças –das falsas crenças sobre a vida. Os homens julgaram de acordo com a aparência das coisas no ponto de vista dos sentidos; foram transviados pelos sentidos, e, em conseqüência disso, temos crenças que não se baseiam em princípios permanentes, crenças que não concordam com a realidade – a verdade eterna. Tal é a crença na morte.

O mandarová passa por uma mudança e de um feio verme surge uma borboleta coberta de belas e variadas cores. O mesmo acontece com todas as mudanças da natureza, havendo sempre uma progressão para nova forma de vida e experiência. Tudo é forma de vida; não há morte em parte alguma. Toda vida é progressiva; nada se perde. Nem um só átomo de substancia cósmica é destruído, mas pode evoluir em forma superior e mais perfeita, transcendendo os sentidos mortais.

A idéia da morte não tem lugar numa mentalidade que se compenetra do poder e presença da vida eterna. Só a vida existe e a vida age para dar mais vida e mais inteligência á forma.

A crença de que um ser inteligente pode morrer é apenas uma superstição estabelecida por mentes que ignoram as possibilidades da Vida infinitamente inteligente. Nenhum bem que a mente pode imaginar falta na Mente Divina. O fato de ter a mente humana apanhado um vislumbre de alguma possibilidade nova e maior ou um ideal mais sublime, é um sinal da existência dessa possibilidade ou ideal na Mente Universal.

A carta seguinte nos apresenta um dos problemas reais da vida: -- como vencer a crença na morte e na separação, que é a causa de tanto sofrimento mental e físico.

Escreve uma senhora:

“Não sei por onde começar, pois minhas necessidades são tão grandes e meu fardo tão pesado. Atingi os quarenta e dois anos, vivendo a maior parte do tempo repleta de tristeza, mortes de parentes e amigos e toda espécie de provações. Há sete anos, perdi meu ultimo filho, então com dois anos. Perdi a saúde na ocasião e, desde então, fiquei sofrendo do coração e uma bronquite crônica. Há alguns meses, perdi minha filha mais velha, uma bela rapariga de dezessete anos, talentosa, boa, carinhosa, de um caracter superior, a qual era a gloria e coroamento de minha vida. Faleceu quando estava para realizar as nossas maiores ambições. Eu via nela a compensação de todos os meus esforços e trabalhos, e sua morte dilacerou-me inteiramente o coração. Se não fosse por causa de um menino e uma menina que ainda possuo, teria liquidado com minha vida, pois parece-me não existir valor algum na bondade. Desde o falecimento de minha filha, só tenho um desejo: saber se ela está bem. Se eu pudesse crer na continuação de sua existência – na sua felicidade – que não foi uma injustiça cruel o que sucedeu – que ela é feliz nos braços de Deus, me conhece e me ama ainda, poderia suportar o mundo. Procuraria, então, ser útil em minha vida. Quase não posso falar alto. A fraqueza de coração me impede de andar ou costurar. Tenho os nervos também muito abalados. Esta carta está longe de expressar todos os meus sofrimentos e, depois de um ataque que tive ultimamente, tenho dificuldades em pensar coerentemente.”

Temos, nesta carta, uma viva descrição das conseqüências da tristeza e do sofrimento. De que servem os remédios para uma mentalidade doente como esta? Neste caso, é evidente que a causa de todas as desordens físicas é mental. Portanto, só meios mentais e espirituais produzirão alivio. Só um medico imbuído de um conhecimento convincente da imortalidade do espirito humano e sua capacidade de entrar em contato mental com os entes caros da terra, pode satisfazer as necessidades desta mãe. Ela precisa ser convencida que sua filha ainda vive, ama e conhece.

Este é um problema universal, que se reproduz diariamente em milhares de vida, e cada qual terá, um dia, de resolve-lo.

Aqueles que, desde a infância, foram ensinados a crer na imortalidade, devem poder enfrentar a mensagem da Morte e ver, por traz de seu disfarce, o anjo de Deus. Devem suportar a separação dos entes caros, com a serena fé na continua unidade do Espirito e confiança sublime no amor e sabedoria do Pai.

A “experiência do gênero humano”, relatada em muitas obras e, principalmente, nos diversos volumes da “Sociedade de Investigações Psíquica” de Londres, prova que a existência além da morte é um fato e que, por meio da telepatia ou comunicação mental independente, podemos nos relacionar com os que são caros, sem termos necessidade de cultivar a mediunidade e o espiritismo.

Pelo desenvolvimento da consciência do Eu, cada qual pode chegar a obter a prova de sua existência pessoal num plano superior ao da materia grosseira, e, elevando-se aquele plano, entrar em contato com os entes que lhe são caros, sem ser dominado por influencias estranhas.

Este é o único meio recomendável a quem deseja obter um progresso real e apoiado numa base positiva.

A MEDITAÇÃO E O CONHECIMENTO

Na pratica dos ensinos esotéricos, deveis aprender a meditar, porque é só pela meditação que chegareis ao conhecimento.

Meditar é vos colocardes em contato com as forças internas, é relacionar-vos com o Eu Superior, é colocar-vos em estado de receber da Consciência Universal o conhecimento que procurais.

O estado receptivo, ou de meditação, é expresso por uma atitude quieta, atenta e expectantes; não intensa, mas calma e dando positiva atenção às idéias que se apresentam. É neste estado que podereis obter a solução de um problema ou a resposta a uma pergunta que vos interessa.

A meditação espiritual é o caminho que conduz á Divindade, é a escada mística que da terra se eleva ao céu e, pela qual, do erro chegais à verdade, da dor à paz. Todos os santos a subiram, todo pecado há de chegar a ela, mais, cedo ou mais tarde, e cada peregrino cansado, que vira as costas a si próprio e a ao mudo, voltando-se em direção à casa do Pai, há de pôr os pés sobre os degraus de ouro dessas escadas. Sem o seu auxilio, não podeis crescer ao estado divino, à semelhança a paz divina, e as sempre esplendidas glorias e impolutas alegrias da Verdade vos ficarão ocultas.

A meditação é a permanência intensa da vossa mente numa idéia ou tema, com o fim de obter uma perfeita compreensão desse assunto. Por meio dela, não só chegais á compreensão do assunto, mas também cada vez mais vos assemelhareis a ele, incorporando-o ao vosso ser.

Por isso, se vos ocupardes, constantemente, com o que é vil e egoísta, vos tornareis cada vez mais vil e egoísta; se vos ocupardes em coisas puras e altruístas, mais vos aproximareis desse ideal.

Conforme o que pensais com mais freqüência e intensidade, conforme os pensamentos predominantes em vosso cérebro nas horas silenciosas, assim será o caminho que seguis: para a paz e a prosperidade ou para o sofrimento e a dor.

Há uma tendência inevitável para expressardes em vossa vida, a qualidade na qual pensais com maior constância. Escolhei, pois, para objeto de vossa meditação tudo o que é elevado e não o que é baixo, pois assim vos elevareis a todo momento e vos identificareis ao objeto; cuidai de que seja puro e livre de toda mistura de egoísmo; desta maneira, vosso coração será purificado e se aproximará da Verdade, não correndo o perigo de se corromper e ser arrastado ao erro.

A meditação, no sentido espiritual, é o segredo de todo crescimento na vida espiritual e no verdadeiro saber. Todos os profetas, sábios e salvadores vieram a sê-lo pelo poder da meditação.

Buddha meditou sobre a Verdade até que pode dizer: “Eu sou a Verdade”. Jesus meditou sobre a imanência divina até poder declarar: “Eu e meu Pai somos Um”.

A meditação concentrada nas realidades divinas é a verdadeira essência e alma da prece. Nela, a alma se estende silenciosamente ao Eterno. Uma mera prece peticionária sem meditação, é um corpo sem alma, e é impotente para elevar a mente e o coração acima do pecado e da aflição. Se orais diariamente, pedindo sabedoria, paz, maior pureza e melhor conhecimento da Verdade, e essas coisas não se aproximam de vós, isto significa que, enquanto fazeis vossas preces, tendes o pensamento dirigido para outras coisas. Se quiserdes sair dessas más condições, retirando vossa mente das coisas inferiores que vos impedem de obter as puras realidades que pedis; se não rogardes mais a Deus que vos conceda o que não mereceis ou que vos mostre o amor e a compaixão que negais aos outros, mas começardes a pensar e agir no espirito da Verdade, cada dia vos aproximareis mais daquelas realidades, até que, vos identificareis com elas.

Se desejais alcançar uma vantagem, deveis estar disposto a trabalhar por ela vigorosamente, e, com efeito, seria tolice esperardes com os braços cruzados, pensando que a vantagem desejada vos venha em conseqüência de vosso simples pedido. Não imagineis, portanto, em vão que podeis obter poderes espirituais, sem fazerdes esforços. Só quando começardes a trabalhar seriamente para alcançar o reino da Verdade, sereis admitido a participar do Pão da Vida, e , quando o tiverdes merecido, pelo vosso esforço paciente e sereno, o prêmio espiritual que desejais obter vos será dado.

Se realmente procurais a Verdade e não somente a vossa própria satisfação, se estimardes mais do que todos os prazeres e aquisições mundanas, mais até do que a própria felicidade, estareis disposto a fazer os esforços necessários para obte-la.

Se desejais ver-vos livre das aflições e do pecado, se quiserdes gozar aquela pureza sem mancha, se aspirais à sabedoria e conhecimento e almejais entrar na posse de uma paz profunda e duradoura, entrai na senda da meditação.

Não deveis confundir a meditação com a vã divagação ou fantasia mental. A verdadeira meditação nada tem de comum com o sonho, nem com o cismar, e não é coisa difícil.

É o processo mental de procurar seriamente conhecer uma coisa, não receando investigar até chegar á Verdade nua e pura.

Meditando com a mente aberta, livre e repleta do desejo de chegar à Verdade, esquecendo-vos de vós mesmo, vossos erros e preconceitos desaparecerão e vossa mente será iluminada pelo conhecimento.

Escolhei uma parte do dia para vossas meditações e consagrai esse tempo inteiramente para tal fim. O melhor tempo é pela manhã, porque, neste momento, as forças da natureza estão em maior atividade e se acham em maior harmonia com as vossas próprias forças; as paixões, tendo sido adormecidas durante a noite, não vos perturbarão; os excitamentos e as aflições do dia anterior estão apagados, e a mente, achando-se descansada e vigorada, será receptiva á instrução espiritual.

Naturalmente, um dos primeiros esforços que tereis de fazer é sacudir toda letargia e indolência, e, se não o fizerdes não podereis adiantar-vos, porque as exigências do espirito se impõem com um tom imperativo.

Para estar desperto espiritualmente é necessário também estai-lo mental e fisicamente. O vadio e o indulgente para consigo mesmo não chegam a conhecer a Verdade. Quem, sendo forte e sadio, desperdiça as calmas e preciosas horas do silencio matutino em sonolenta indulgente, é inteiramente incapaz de elevar-se às alturas celestes.

O homem cuja consciência se desperta e se abre às suas sublimes possibilidades, e que começa a sacudir o sono da escura ignorância que abrange o mundo, levanta-se ainda antes que as estrelas se retirem de sua vigília, e, lutando contra a escuridão de sua alma, esforça-se, numa santa aspiração, para perceber a luz da verdade, enquanto o mundo, ainda não desperto, continua sonhando.

Não houve sábio, nem santo, não houve instrutor da Verdade que não se levantasse cedo. Jesus costumava levantar-se bem cedo e subir às montanhas solitárias para fazer a sua santa comunhão. Buddha levantava-se uma hora antes do nascer do sol e entregava-se à meditação, e todos os seus discípulos faziam o mesmo.

Se tiverdes de começar os vossos trabalhos diários muito cedo, e, por isso, vos achardes impossibilitado de dedicar as horas matutinas a uma meditação sistemática, fazei-o de noite; e se também isto vos for impossível, devido ao cansaço que vos cause um trabalho muito prolongado e pesado, não desespereis, porque podeis elevar vossos pensamentos em santa meditação nos intervalos de vossa obra.

Se vosso trabalho for daqueles que se tornam automáticos com a pratica, podeis meditar enquanto trabalhais. Jacob Boehme, o eminente sábio e filosofo cristão, chegou ao seu vasto conhecimento das coisas divinas, durante as longas horas em que trabalhava como sapateiro. Cada pessoa encontrada em sua vida o tempo para pensar, e o homem mais atarefado, mais ocupado, mais laborioso, não é excluído da aspiração e da meditação.

A meditação espiritual e a disciplina de si mesmo são indispensáveis. De modo que tereis de meditar sobre vós mesmo para conhecer-vos realmente.

Não vos esqueçais que o grande alvo que tendes é a vossa libertação de todos os vossos erros, condição indispensável para conhecerdes a Verdade. Deveis começar a examinar os vossos motivos, pensamentos e atos, comparando-os com vosso ideal e esforçando-vos para olha-los de modo imparcial e calmo.

Desta maneira, ganhareis, cada vez mais, equilíbrio mental e espiritual, sem o qual os homens não são mais do que palha abandonada no oceano da vida.

Se tiverdes inclinação para vos irritar e guardar ódio, devereis meditar sobre a brandura e a bondade, para assim sentirdes vivamente como é aspera e insensata vossa conduta.

Começareis, então a viver em pensamentos de amor, brandura e bondade, e, à medida que fordes vencendo o mais baixo pelo mais elevado, afluirá, tácita e gradualmente, ao vosso coração um conhecimento mais perfeito da divina lei do Amor, esclarecendo-vos e dando-vos a força para suportardes todas as perplexidade da vida e da conduta.

E, aplicando este conhecimento a todos os vossos pensamentos, palavras e atos, vos tornareis cada vez mais brando, agradavel e divino. E assim se dá com todo erro, todo desejo egoísta, toda fraqueza humana: são vencidos pelo poder da meditação nas qualidades contrarias. Todas as vezes que for extirpados um pecado, um erro ou um defeito, a alma será iluminada por uma medida mais clara e maior da Luz.

Assim meditando, vos fortalecereis incessantemente para combater vosso único inimigo real, vosso eu egoísta e perecível, e cada vez mais firme será a união com vosso eu divino e imperecível, que é inseparável da Verdade.

O resultado direto de vossas meditações será uma força espiritual firme e calma, que vos animará na luta pela vida, dando-vos alegria e confiança.

O saber adquirido na meditação silenciosa enriquece a alma com uma força positiva para a hora da luta, da aflição e da tentação.

À medida que, pela força da meditação, vosso saber aumentar, abandonareis cada vez mais vossos desejos egoístas e variáveis, que só produzem o sofrimento; e firmareis cada vez mais os pés, com fé inabalável, em princípios imutáveis, gozando de uma paz completa.

O emprego continuado da meditação traz a aquisição de um conhecimento dos princípios eternos, e o poder que dela resulta está no recebimento de forças da fonte universal.

O fim da meditação é, pois, o conhecimento direto da Verdade, de Deus, e a realização da paz divina e profunda.

As vossas meditações devem Ter principio nas bases morais e religiosas que possuis, porque isso facilita muito o desenvolvimento da vossa faculdade meditativa. Entretanto, a Verdade é independente de qualquer culto ou religião e pode ser alcançada sem a observância dos preceitos de qualquer religião, e seguindo apenas a voz intima.

Esforçai-vos por elevar-vos, pela força da meditação, acima de todo apego ás crenças particulares e formais, mantendo a mente fixa no desejo de alcançar a Verdade imaculada e pura.

Quem medite seriamente, percebe a Verdade como se estivesse a uma grande distancia; depois, com a pratica quotidiana, ela parece aproximar-se e penetrar naquele que medita, fazendo-se uma com ele.

Somente pela pratica é que a Verdade se tornará real em vossa vida.

Disse o divino Gautama Buddha: “Quem se entrega á vaidade e não se dedica á meditação esquecendo o verdadeiro objetivo da vida e procurando só prazeres, um dia invejará aquele que se exercitou na meditação”.

Buddha ensinou a seus discípulos cinco grandes meditações:

“A primeira meditação é a do amor, em que deveis emitir de vosso coração pensamentos e votos de felicidade e bem – estar para todos os seres, inclusive vossos inimigos".

“A Segunda meditação é a da compaixão, na qual pensais em todos os seres, representando-vos na imaginação suas aflições e angustias, de tal maneira que a vossa alma sinta por eles uma profunda compaixão".

“A terceira meditação é a da alegria, na qual pensais na prosperidade dos outros e vos fortaleceis com seus regozijos".

‘A quarta meditação é sobre a impureza, na qual considerais as más conseqüências da corrupção, os efeitos do pecado e das moléstias. Como são fatais as suas conseqüências’

“A quinta meditação é sobre a serenidade, na qual vos elevais acima do amor e do ódio, da tirania e da opressão, da abundância e da carência, e olhais vosso próprio destino com calma imparcial e perfeita tranqüilidade.

Praticando estas meditações, o discípulos de Buddha chegaram ao conhecimento da Verdade. Não importa, porém, que pratiqueis ou não estas meditações particulares, uma vez que vosso objetivo seja a Verdade, e que tenhais fome e sede daquela retidão que consiste num coração puro e vida santa. Fazei, pois, com que, nas vossas meditações, vosso coração se encha e se expanda com amor cada vez mais extenso, até que, livre de todo ódio, paixão e condenação, abrace o universo inteiro com sua branda simpatia. Como a flor abre suas pétalas para receber o sol da manhã, abri vossa alma mais e mais à gloriosa luz da Verdade. Elevai-vos nas azas da aspiração; sede impávido e crede nas mais sublimes possibilidades. Crede que é possível uma vida absoluta de brandura, de imaculada pureza e perfeita santidade; que é possível o conhecimento da mais alta Verdade. Quem assim crê, sobe rapidamente aos montes celestes, ao passo que os descrentes continuam a andar às apalpadelas nas trevas e nos sofrimentos dos vales nebulosos.

Se assim crerdes, assim aspirardes, assim meditardes, obtereis experiências espirituais divinamente suaves e lindas, e gloriosas revelações encantarão vossa vista interna. À medida que realizardes o divino Amor, a divina Justiça, a divina Pureza, a Perfeita Lei do Bem, a Lei de Deus, grande será a vossa felicidade e profunda a vossa paz. As coisas velhas desaparecerão e tudo será renovado. O véu do universo material, tão denso e impenetrável à vista do erro, tão fino e vaporoso aos olhos da Verdade, será levantado e o universo espiritual será revelado. O tempo cessará e vivereis só na Eternidade. A mudança e a mortalidade não vos causarão mais medo e cuidados, porque residireis no Imutável e vivereis no coração da imortalidade.

Entrar no silêncio é coisa de máxima importância para todos. Para a maior parte, o silêncio é a porta para o país dos sonhos. Sonhar de dia é um dos meios mais vantajosos para recuperar as energias, por causa da existência dos “ions” elétricos na atmosfera, durante a luz do dia e especialmente quando o sol não é velado por nuvens.

Estes “ions” penetram o corpo pelo poder recuperativo da mente subconsciente. Este processo se intensifica, se, antes de entrardes no sono, as forças mentais se dispuseram a sacar da natureza, por meio das forças corporais, a vitalidade universal. Não se infira daqui que, por serem os raios solares carregados de ‘ions’. devamos dormir de dia e trabalhar quando é noite. A experiência dos atores e outros, cujos trabalhos tomam a melhor parte da noite, mostra que o estado menos positivo da atmosfera leva o homem a expandir mais energia durante a noite que durante a noite que durante o dia.

É a falta desses “ions” na atmosfera, em um dia nublado, que se deve atribuir a depressão sentida por certos indivíduos sensitivos, tão direta é a relação entre os estados elétricos e mentais. A mente subconsciente completa misteriosamente muita coisa durante o tempo em que dormimos. Tem, então, logo, durante o sono, o arranjo do equilíbrio de todas as forças físicas e uma absorção das essências espirituais que dão à alma um sentimento de perfeição e boa alegria.

Mesmo durante alguns minutos, a perda da consciência exterior, durante o dia, torna a inteligência subconsciente capaz de revitalizar e restaurar a energia nervosa.

É fama que certo homem de negócios, não tendo tempo para distrair e relaxar-se do trabalho continuo em que andava afogado, e já não podendo lutar com o sono e a fadiga que o assaltavam depois das refeições, imaginou Ter uma campainha, a qual, tanto que ele se ia fazendo inconsciente, lhe escapava das mãos e vinha á terra com agudos ruídos alarma. Acordava ele e se punha de novo ao seu trabalho. Mas alguns momentos de relaxação a que soía dar-se, depois da refeição, foram bastante para refazer todas as suas energias perdidas e restituir-lhe a saúde. Se fosse possível, para todos os homens e mulheres de negócios, relaxarem a mente e o corpo por espaço de meia hora, ao meio-dia, ganhariam muita frescura de espirito e um novo interesse pelo trabalho, com que muito lucrariam e dariam por bem pago o tempo empregado no silencio.

A melancolia e o trabalho monótono, na vida, são resultados de um esgotamento das forças nervosas. Quando os nervos restauraram as suas forças no pais de Morfeu, nós nos sentimos tão vivazes como crenças, e todas as experiências nos despertam interesse.

Devemos guardar vivo o espirito de mocidade, que Stevenson declarou ser a perene primavera de todas as faculdades, se quisermos ter poder e dar vida a todos os nossos trabalhos.

As águas da primavera da vida fluem copiosamente por toda aquela região a que o homem vulgar, na sua ignorância, chama estado inconsciente, mas que é verdadeiramente um estado todo consciente e eternamente vivo, de onde as nossas mentes as absorvem em uma tão ilimitada extensão das suas correntes. Todos quantos se banham neste oceano da Consciência renovam sua mocidade e vida em corpos que são perpetuamente moços, vivos e perfeitos. Esta renovação de vida nós a sentimos em grau cada vez maior, quando entramos no silencio e ficamos nele parte do dia. Aqui, despojados dos cuidados de família e longe dos rumores da ruas, entramos na posse de nós mesmos.

Deste “lugar secreto do Altíssimo” brotaram todas as grandes religiões e sistemas filosóficos.

As pessoas que procuram no silencio os profundos caminhos da alma humana, depara-se-lhes o elixir criador que dá vida às suas palavras, alma à sua música e imagem às suas artes, imprimindo-lhes o cunho da imortalidade. O rumor perturba e distrai a mente, dividindo o espirito numa multidão de partículas que, no silêncio, se unem de novo para restaurar a unidade. As mentalidades discordantes, as palavras ásperas e o muito falar das coisas triviais fazem o mesmo efeito que o rumor.

Os nervos tornam-se exaustos e irritados pelo constante excitamento e o espirito pede a exclusão, a libertação dos pensamentos e das coisas materiais, a qual o capacitará de possuir a sua vida em paz e divina serenidade.

Enquanto a parte mortal perseguir as vaidade, o espirito não pode encontrar a paz. Quando o homem e a mulher estão moribundos, seus espíritos procuram libertar-se dos corpos por falta de silencio. Mesmo na maior aspiração, a simpatia mal dirigida de amigos não lhes permite que descansem.

Tanto na vida comercial como na família, há sempre uma multidão de idéias antagônicas e conseqüente atrito das mentes, de que resulta o detrimento do organismo nervoso. O descanso e a paz só existem no grande Silencio, onde o espirito é forçado a achar uma serena e inefável habitação na Consciência do Eterno.

Se puderdes dar algum tempo á meditação, antes de vos levantar, melhores serão os resultados, porque assim vos colocareis mais facilmente em harmonia com a Consciência Universal, que melhor poderá dirigir-vos nos atos de vossa vida diária.

Quando pedis conhecimentos á Consciência Universal, partem de vós e se dirigem para o éter, de acordo com a intensidade de vosso pensamento, muitas tenuissimas linhas magnéticas. Estas linhas assemelham-se a raios azuis de luz e vos relacionam com a pessoa ou coisa que melhor pode corresponder ao vosso pedido, de tal forma que a resposta é obtida por telepatia. Noutros casos, a Consciência Universal vos fará encontrar alguém ou algum livro que possa satisfazer vosso desejo.

Existem vários modos pelos quais a Consciência Universal pode atender ao vosso pedido e ela o faz sempre, seguindo o melhor caminho para receberdes, de conformidade com o vosso desenvolvimento.

A resposta nem sempre é imediata e ela depende muito da clareza e intensidade de vosso pedido. O atraso depende sempre de vós, que nem sempre formais uma idéia clara e positiva do que desejais saber; não, porém, da Consciência Suprema e nem da lei pela qual ela nos responde. Muitos estudantes fazem sua pergunta e logo vão pedir a opinião de outras pessoas. Resulta daí que varias respostas são recebidas e pode ser que nenhuma delas seja certa, pois o principiante impaciente não quis esperar que a Consciência Suprema, por si mesma, aproximasse dele quem devia responder-lhe.

As respostas da Consciência Universal vêm quase sempre num momento inesperado e, geralmente, são dadas na forma de uma impressão ou convicção.

Obtida a resposta da Divindade sobre o caminho que deveis seguir, resta-vos criardes as condições necessárias, o que conseguireis por meio da criação e da concentração mentais.


Por Luiz Antonio de Matos